A alma e o corpo unidos
Num último e derradeiro esforço de criação
Quando eu partir...
Como se um outro ser nascesse
De uma crisália prestes a morrer
sobre um muro estéril.
E sem que o milagre se abrisse
Às janelas da vida. . .
Então pertencer-me-ei.
Na minha solidão...
As minhas lágrimas...
Hão-de ter o gosto
dos horizontes sonhados.
E eu serei senhora da minha própria liberdade.
Nada ficará no lugar que eu ocupei.
O último adeus virá daquelas mãos abertas
Que hão-de abençoar um mundo renegado
No silêncio de uma noite em que um navio
Me levará para sempre.
Mas ali hei-de habitar no coração
de certos que me amaram;
Ali hei-de ser eu...
Como eles próprios me sonharam;
Irremediavelmente...
Para sempre.
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