Som do dia

domingo, fevereiro 24, 2008

Doido Coração...


Meu doido coração aonde vais
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha que cais!
»«
Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!
»«
Tu chamas ao meu seio, negra prisão!
Ai, vê lá bem, ó doido coração
Não te deslumbres o brilho do luar!...
»«
Não estendas tuas asas para o longe..
Deixa-te estar quietinho, triste monge
Na paz da tua cela, a soluçar...

Chegada da Noite...


Sempre que a noite chega,
a solidão vem falar-me de ti.
E a saudade penetra em meu coração

como um pouco de luar
dentro de minha noite imensa.

»«
Vai deixando aos poucos seu toque magnífico
de beleza e suavidade.
Vai deitando prata nos recantos mais sombrios.
Vai enfeitando de luz as flores mais singelas.
Assim é a saudade.

»«
Consegue transformar em beleza
a tristeza infinita do presente...
Porque traz para mim o encanto
das horas mortas do passado.

Sonhar...


Quisera partir numa nuvem com a alma pura, terna, bela.
E suspenso pairar sobre o tempo, sobre a esfera
Mergulhar no céu imenso. E longe de mim e do mundo...
Sonhar.
Pairar sobre calmarias, apartada de tormentas
Abraçar gentis quimeras, embalar, terna, a esperança.
E alcançado o infinito planar por entre as estrelas
Embeber a alma nelas, e continuar a sonhar.
E que o dia e a noite juntas vestissem o horizonte
E salpicassem o sonho de cores ternas,
quentes, eternas.
E o sonho fosse apenas uma tela.

Vivências...


Aprendi que apesar dos tons cinzentos
que me rodeiam, e dos sons da banalidade
que me vão chegando, sou dona
de um poder enorme que me faz viajar incólume
para lugares só meus.
Sítios que pinto com a paleta dos meus sonhos.

sábado, fevereiro 16, 2008

Estátua de Pedra

E agora fico assim, perdida com o plural
De todo o medo e insegurança que me afecta
E todos esses espinhos aqui presentes
Vazando de mim lágrimas de incerteza
Águas que escorrem e me molham o corpo
Sufoco na minha própria angústia
Pois falta sob meus pés o chão de papel de arroz
Que é a tua presença
Ensina-me a ser perfeita
Impede-me de cometer tantos erros
Quero ser estátua de pedra
E não ter este teimoso coração a bater e bater
Ser pedra e não temer o frio e os relâmpagos
Da noite de tempestade
Ser pedra fria e não sentir saudade
Desconhecer a solidão
Não reparar que não estás
E que para ti não sou nada
Além de uma estátua de pedra
Sob o clarão da lua.

Analogia

Aquela pedra cinzenta
Que vaga de um lado a outro
No fundo do rio
Que perdeu seus cantos e arestas
Que de tanto rolar, ficou lisa e suave
Chocou-se em outras, perdeu lascas
Ficou menor e mais densa
Arredondou
Enfrentou chuvas, torrentes
Lapidou-se
E afinal...
Brilhou!

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Escutar a Natureza


Mentira


A Vida...


Não, a vida nunca é um romance:
Falta-lhe o senso da composição,
o crescendo que leva ao clímax.
Tudo acontece tão sem lógica e sem preparo
que os seus golpes nos deixam atónitos
mas de olhos secos, como se fossemos heróis,
nós que enxugamos furtivamente os olhos
no escuro das salas dos cinemas
- só porque o director do dramalhão
soube desenrolar devidamente o filme.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Ser Criança...

No meu mundo não existem medos maiores
Não existe a preocupação no amanhã
Não extiste a sabedoria dos grandes...
Sou a flor ainda em seu estado de crescimento
A esperança do futuro
A preocupação dos adultos
O sorriso sincero nas horas incertas
A carícia sem malícia
O amor sem cobrança...
Sou criança!
»«
No meu pequeno mundo
Ando e dou cambalhotas
Embaraço as pessoas
Que de mim sempre esperam muito mais...
»«
Às vezes sou traquina
Às vezes comportada
Sou amada...
»«
Meus sonhos são grandes
Maior do que posso imaginar
Agarrar um mundo só meu
E a paz finalmente gerar!
»«
Sou criança
Sou o futuro do meu País
Sou a esperança de um dia feliz...
»«
Vou crescendo, aprendendo
Dando e recebendo amor...
Vou crescendo para todos os lados
Surpreendendo as pessoas
Dando-lhes a certeza de que
Em mundo de criança...
É possível ter-se mais esperança...

Caem Folhas

Caem folhas de mim...
Sêcas do outono amor que vivi
Na ânsia de invernosacolhedores
Primaveras exuberantes e belas
E verões sem tempestades...

Progresso


"A palavra progresso não terá qualquer sentido
enquanto houver crianças infelizes."
Albert Einstein

Enquanto...


"Enquanto não souberes morrer e renascer
Serás um viajante aflito a errar na terra escura."
Goethe

sábado, fevereiro 09, 2008

Fim do Mundo


Queria Ser...


Queria ser como notas musicais...
Fazer parte de uma sinfonia
Allegro. Andantte, animato
»«
Queria que minha voz tivesse o som
De violinos e harpas
E soasse docemente como uma cantata
Encantando até a fermata
»«
Ah... quem me dera
Pudesse ser música e poesia
comporia rapsódias...
Polvilharia de purpurina
O orvalho de cada aurora...

Solidão

Solidão é ter nas mãos uma chave, que nada abre...

Lado Errado

E lentamente caminho
Por este incerto...
Onde não se vê o céu:
Não há estrelas, nem luar...
»«
Existe apenas o quotidiano!
A procissão fúnebre diária
Entre lugares fixos
Sem tempo para respirar...
»«
Olhos atentos ao mundo lá fora
Mostrando o vazio dos pensamentos...
Não há paixões...
»«
O mundo move-se para o amanhã...
E eu simplesmente acordei...
No lado errado...

Travessia...


Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas
que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia;
e se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado para sempre,
à margem de nós mesmos...

Nada...


"É tão duro aprender que na vida
Nada se repete, nada se promete
E é tudo tão fugaz e tão breve. "