Som do dia

sexta-feira, janeiro 12, 2007

À Deriva


Vai um tronco à deriva na corrrente.
Resto de árvore hirta, silenciosa,
que, a um vento forte ou a mão criminosa,
não resistiu e caiu, tal como gente.
Qualquer entulho, sendo proeminente,
marca-lhe o curso na água alterosa.
Da árvore, antes firme, mas airosa,
resta um náufrago perdido e indigente.
É assim, sejam árvores ou pessoas.
Não basta que sejam rectas, sejam boas,
para enfrentar o vento ou o criminoso.
Quanto melhores são, maior é a cobiça
despertada na mente que se encarniça
em atirá-las para terreno pantanoso.

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