Som do dia

quarta-feira, maio 19, 2010

Visita do Santo Padre


“Um povo que deixa de saber qual é a sua verdade,
fica perdido nos labirintos do tempo e da história,
sem valores claramente definidos,
sem objectivos grandiosos claramente anunciados”.
Bento XVI, 12/5/2010

A visita de Sua Santidade o Papa Bento XVI a Portugal correu bem.
Muito bem mesmo. Tudo ajudou, o tempo, a organização,
tanto da Igreja como dos órgãos de soberania, a guarda de honra,
a segurança, os transportes, a pontualidade, tudo esteve
a um nível excelente.
Os discursos foram enxutos, bem ditos e com substância q.b.
As pequenas asneiras jornalísticas, o ridículo da distribuição
de preservativos, e a gaffe da “iminência” do primeiro ministro
não chegaram para beliscar o brilho da visita, embora
confirmassem a apetência de José Sócrates para
a truculência do debate parlamentar em detrimento
do saber estar na alta roda da política e da sociedade.
A ausência de dois ex-PR civis, de qualquer cerimónia, só
ilustrou a coerência laica, agnóstica e, ou, ateia dos mesmos
e só favoreceu a fotografia.
Mas o que mais se deve realçar foi a civilidade da população.
Não se registou um único incidente e a mobilização
da Nação “Fidelíssima” que transformou em banhos
de multidão todas as cerimónias efectuadas.
Daqui se prova que ainda nos resta muita espiritualidade
e podemos ser motivados para grandes causas, e para a “missão”.
Assim desponte liderança capaz para tais voos.
Uma liderança de matriz arreigadamente nacional portuguesa,
que entenda que servir a Nação é mais importante do que
acautelar a reforma; sirva a consciência e os interesses nacionais
e não amos/entidades internacionalistas e apátridas;
que tenha uma noção escatológica da vida;
não adore o “Deus Mamon”; que entenda o exercício do poder
como transitório, embora respeitado e digno
e se apegue a ele apenas naquilo que o Dever impõe.
Por último o Papa, mal amado pela maioria dos órgãos
de comunicação que, à revelia daquilo que a Deontologia impõe,
de relatarem os factos como eles são, em vez de os moldar
a ideologias correntes ou a interesses de toda a ordem,
têm tentado passar para a opinião pública a imagem de um
Pontífice conservador, duro e arreigado a ideias ou
práticas retrógradas, o Papa sai de Portugal “por cima”
em todos os aspectos.
Bento XVI revelou-se assim, para quem não o conhecia,
ou tinha dele uma ideia deturpada, uma pessoa afável,
carinhosa, simpática, meticulosa, atenta; sabendo falar, gracejar,
tocar, saudar, numa palavra, sabendo ser e estar
em todas as circunstâncias.
A Igreja é intemporal e tem que veicular o reino de Deus,
não as ideias dos homens.
A Igreja defende Princípios, que são imutáveis e se devem manter
imutáveis perante os modismos dos tempos; não pode, nem deve,
adaptar-se a conveniências de momento como defendem os adeptos
do relativismo moral e outras correntes e ideologias que no fim,
visam apenas a subversão da sociedade e a abolição
de qualquer ordem superior do espírito.
Ora o Papa é o servidor número um da Igreja de Cristo e por isso
deve ser o fiel garante de toda a Lei de Deus. Não se pode sair disto,
sob pena de deixarmos de ter e de ser Igreja. E se no fim formos
apenas 10, pois será 10 que seremos.
Esta mania infeliz, apesar de humana, de se andar constantemente
a comparar Bento XVI com João Paulo II (ou com qualquer outro),
tem que acabar. As personalidades são diferentes, o estilo é diferente,
os desafios ou as prioridades são diferentes.
Cada um é um ser individual, não tem que tentar copiar ninguém.
Tem que se ser avaliado pelo que se faz, não por aquilo que outros fizeram.
E aos balanços dos pontificados, que são coisas diferentes –
só podem ser feitos no fim de cada um, às vezes muitos anos depois.
Finalmente, julgo ser de realçar o “ar” como decorreu a visita.
Desde o primeiro momento que houve um bom ar;
um ar de alegria, de serenidade, de união, de hospitalidade,
de seriedade, de comunhão. Um ar bom de verdade.
Estas coisas sentem-se mais do que se explicam.
Sua Santidade ficou, certamente, satisfeito por ter visitado
mais uma vez a terra de Santa Maria. E se para todos nós,
pelo menos os crentes, a visita papal foi um bálsamo revigorante
em tempos conturbados, os tempos são sempre conturbados…
Para o Sumo Pontífice não deve ter sido menos gratificante
saber que o canto mais ocidental da Europa ainda é
um baluarte da Fé Cristã. E nunca deverá olvidar
que sendo a Igreja Universal,
uma parte grande dela, é portuguesa.
João José Brandão Ferreira

2 comentários:

Dulce AC disse...

"Estas coisas sentem-se mais do que se explicam"

Sem dúvida..!

Beijinhos de olá Anabela de muito calor por aqui.

dulce ac

...EU VOU GRITAR PRA TODO MUNDO OUVIR... disse...

...e viva a diferença!

Um beijo!

Sonia Regina.