Pega
de caras o teu desencanto,
Toureia-o no redondel da multidão,
Numa qualquer praça, num qualquer canto,
E não autorizes que te ponham a mão.
Não vendas a tua palavra
Nem a tua verdade
Nem o teu amor.
Vale mais, quando morreres,
Teres o aceno de uma flor
Do que um coro de fingidores.
Podes contar os tostões,
Uma vida inteira que seja,
Podes contar as traições,
Venham de onde menos se deseja,
Podem-te vencer,
Naturalmente,
Podem-te roubar,
Cobardemente,
Mas não te podem prender
Nem convencer
A ficares calado,
Humilhado.
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