Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido,
Amor!
E para as tuas chagas o ungüento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de
Sorrento...
Trago no nome as letras duma
flor...
Foi dos meus olhos garços que um
pintor
Tirou a luz para pintar o vento...
Dou-te o que tenho: o astro que
dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que
palpita.
Dou-te, comigo, o mundo que Deus
fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: "Era uma
vez..."
Florbela Espanca
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