Sinto
que hoje novamente embarco
Para
as grandes aventuras
Passam
no ar palavras obscuras
E
o meu desejo canta -- por isso marco
Nos
meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro
e profundo
Aquele
mundo
Que
eu sonhara e perdera
Espera
o peso dos meus gestos.
E
dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas
dos círculos funestos
Das
mentiras alheias
Finalmente
solitárias
As
minhas mãos estão cheias
De
expectativa e de segredos
Como
os negros arvoredos
Que
baloiçam na noite murmurando.
Ao
longe por mim oiço chamando
A
voz das coisas que eu sei amar.
E
de novo caminho para o
mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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